segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Indícios


O extraordinário cruza nossos caminhos diariamente, mas nossos olhos desmagificados não conseguem captar as mensagens sutis que estão dispostas. Tendências racionais, organizadoras por essência, catalogadoras, encaixam tudo aquilo que presenciamos em suas taxionomias.
Os indícios que Ginzburg tanto procurou, nos mostram pequenos pedaços, amostras de todos, respostas subliminares para as nossas aflições. Há um equilíbrio agindo, maior que nosso entendimento, a naturalidade de um caos que pouco se preocupa em se ordenar... Não há uma consciência, um destino, um supra sujeito operador dos infortúnios, apenas ciclos intermináveis de idas e vindas, de evoluções e involuções, identificações e diferenciações... Em alguns momentos as explicações nos surgem, como lampejos de lucidez sob a luz de mensagens impossíveis de serem interpretadas pela razão analítica, não da forma como a concebemos...
O místico não precisa ser irracional, matéria de loucos ou charlatães; ele pode muito bem ser aquilo que não precisamos fazer força alguma para entender; a compreensão é automática, como algo instintivo, como matéria de um ritual esquecido, ou assunto de xamãs perdidos na selva. Uma sabedoria que negamos a nós mesmos.
Eu entendi, no momento que eu precisei das respostas... Mais uma vez a ciência se mostra necessitada de resignificações, de outros paradigmas mais viscerais, que respondam às correntes elétricas que vagam pelas nossas sinapses, assim como aos impulsos da libido. Somos carne e ossos, espírito e dados, razão e sangue... Pouco mais que gráficos.... Daí os coelhos brancos, as sombras nos corredores, as correntes arrastadas no sótão...

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