sábado, 17 de julho de 2010

Próxima parada!


Por onde passo vou deixando pedaços, em um caminho que parece não ter fim. É como se nenhum lugar mais fosse tão seguro, não houvesse mais lar, lugar para voltar... Será que essa é a deriva, o mosaico, a fluidez de nossas individualidades ditas pós-modernas? Como me encaixo, como digo "isso é meu"?
Lévi-Strauss dizia que em nossas sociedades modernas e complexas o mito só se processaria no indivíduo, daí nossas neuroses talvez, nossas incapacidades de darmos sentido a essas cadeias simbólicas processadas inconscientemente.
Qual seria então o meu mito individual, seria o do eterno filho pródigo? Daquele que sempre volta para onde não mais consegue se encaixar, e que quando se vai, deixa parte de si para trás. Qual será o ponto de partida e o de chegada, se os referenciais se misturam? Será para onde volto o lugar que abandonei, ou de onde parto o meu lugar de origem?
Minhas raízes não se prendem mais ao solo, por mais força que façam, são frágeis, se arrebentam toda vez que me arranco de um lugar ao outro... quando tento me recompor percebo não estar tão seguro, não existem mais oásis de descanso, somente salas de espera, "não-lugares" assépticos, nos quais a vida se alimenta de pouco mais do que seus restos. A segurança acabou, o único calor agora é aquele da fogueira do acampamento.

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